CURSO FORMAÇÃO DE PREÇO

10/02/2006

Violências


Julgar um indivíduo sem considerar e avaliar as condições materiais e culturais que este se encontra inserido, sem dúvida que é muito prático, muito comum, mas injusto. Uma pessoa, quando exposta à realidade da vida comporta-se de acordo com sua formação e seus valores. A forma como reage quando se percebe num “jogo social”, em grande parte, é fruto de sua história pessoal. Apesar de todas as sanções e promessas de bem estar propaladas pelo nosso sistema, o sujeito é capaz de se retrair ou de atacar, sendo a avaliação do processo para socorrer a sua necessidade o ponto de partida de sua atitude. É ai que podemos perceber a fragilidade do Ser humano.

O que temos em comum entre crianças, jovens e adultos que cometem um crime no Brasil ou em qualquer outro país submetido às normas dos valores iguais ao do nosso país é o tipo de educação implícita nas relações que fundamenta a motivação. Se por um lado esse sistema é bom por incentivar o desempenho pessoal, por outro, ridiculariza o próprio desempenho quando transforma a pessoa num reprodutor de posturas como sendo útil para si a ação do próximo.

Diante desse limite quase imperceptível do antagonismo entre a promessa e a realidade, a estrutura do ator social sucumbe ao sentido externo e aflora um grito de desespero na atitude fora da lei. Contudo, se existe o ataque, também existe o recuo. O indivíduo pode se abster de tentativas de bons desempenhos buscando um caminho mais fácil para não se expor e se proteger. Acha-se numa profundeza abissal e retorna antes de prosseguir.

Este se dispõe a viver sem participar da disputa do “jogo social” já que sabe, de alguma forma, que suas possibilidades de êxito são quase zero. O outro tipo, o que ataca, se dispõe a viver como ele deseja nem que seja matando ou morrendo. Na verdade, até que ponto vale o esforço de um indivíduo para buscar seus ideais?

A disposição de luta é uma reação à mensagem recebida do “jogo social” e que, sem dúvida, parte do indivíduo. Mas essa disposição é totalmente moldada pelo meio que vive assim como a forma de comunicar-se.

É uma relação que parte do individuo para o grupo. E na medida que diminui o número de oportunidades acirra-se a triagem para a sobrevivência fazendo com que poucos reúnam forças e condições para a disputa social.

Por outro lado, como a cada dia aumenta o número de necessitados de oportunidades, paralelamente, surge uma outra forma de relacionamento onde tende a ser estabelecido uma nova sociedade com nova visão de mundo.

Mesmo porque, para modificar a realidade desse contingente à espera de sua vez não bastam novas leis criadas em função de ajustar a relação no sentido de administrar a estagnação social. É necessário sentir, perceber as intenções e contradições de nossa sociedade para fomentar e estabelecer normas que considerem o sujeito. É necessário entender as necessidades básicas em comum que, trabalhadas as motivações, o sujeito possa encontrar o caminho a ser percorrido para a superação de suas limitações.


Copyright©Mhauro Garcia Filho-2005

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