
Faz tempo que eu escuto discussões sobre a importância das pessoas nas relações pessoais e, também, no âmbito profissional. Fulano é ou não é fundamental para nós? O paradigma que predomina é o ditado: “ninguém é insubstituível”.
O que me fez pensar sobre o assunto foi um e-mail que recebi contando a história de uma reunião na empresa. Segundo o relato, o chefe dizia que ninguém era insubstituível.
Então, de repente, um subordinado pede a palavra e pergunta para o chefe: se isso é verdade, quem substituiu Salvador Dali, quem substituiu Beethowen, quem substituiu Picasso, quem substituiu Jesus Cristo... E todos ficaram em silêncio.
Do ponto de vista do subordinado, ele tem razão. De outro ponto de vista, o chefe tem razão.
Um se referia a um potencial único e latente em cada ser, o outro se referia às transformações impossíveis de deter.
De fato, na vida, as pessoas são únicas e imprimem um sentido e resultado especial para cada expressão do ser. Cada pessoa age e reage de forma singular para mesma situação vivenciada no mesmo local e no mesmo momento.
Por outro lado, as transformações, o socorro às necessidades se realiza a cada momento a despeito da vontade de qualquer um. Simplesmente as coisas acontecem por terem que acontecer. Mesmo que o resultado seja o trivial.
Por isso cheguei à conclusão de que dizer “ninguém é insubstituível” é o mesmo que dizer que nenhuma pessoa não pode ser substituída. E isso é um erro, pois, nenhuma pessoa, pode ser substituída por alguma pessoa. Ou seja, a inexistência pode ser preenchida pela existência.
Outra forma de pensar seria considerar que o chefe, quando disse “ninguém”, se referia a qualquer pessoa. Então ficaria assim: qualquer pessoa não é substituível. Dessa maneira, o sentido passa a ser outro, mas permanece a contradição entre o que se pretende dizer e o que significa.
Mas como a finalidade da frase que o chefe disse na reunião era mostrar que a trivialidade dos objetivos das tarefas seriam alcançados independente de quem faça, na verdade, a frase correta deveria ser: “todos são substituíveis”?!?.
Talvez não. Talvez o correto seja deixar cada um no seu quadrado. Ou seja, o ser humano é insubstituível assim como as coisas se realizam quando têm que se realizar.
Copyright©Mhauro Garcia Filho
:)
Oi Mauro, que texto interessante. Bom post!
ResponderExcluirAbraços,
Lila