O sentido necessário

Talvez a maior das exigências para alguém seguir lutando na vida em meio a tantos apelos externos como as informações, as formas, os cheiros, os gostos e as texturas, seja o endurecimento do critério de seleção íntima.

E isso não quer dizer que eu esteja falando de inteligência, não! Porque inteligência é escolha, mas nem toda escolha resulta em algo inteligente.

Se é pelos cinco sentidos que o homem conhece a realidade externa; se essa realidade é capaz de socializar ou animalizar esse ser moldável, como se realiza o trabalho íntimo de organizar as sensações e os sentimentos provocados por essas vivências? Afinal, essas duas são as primeiras que traduzem a realidade para a formação de idéias.

Sendo assim, é necessário que se estabeleça uma ordem de valores para orientar a validade dessas experimentações intimas. Contudo, esses valores se dividem em dois âmbitos de influência dos sentidos humano: o racional e o intuitivo.

Quanto mais endurecido, mais racional e, por isso, mais mecânico, mais quantificável, mais calculável, mais exato. Do contrário, quanto mais intuitivo, mais quântico, mais qualificável, mais incalculável, mais relativo.

E ao mesmo tempo é antagônico. Quando se endurece, se estabelece uma flexibilidade de valores. Tanto faz um como qualquer outro, pois o que importa é a realização do objetivo casual. Do contrário, ocorre uma rigidez de valores, pois o importante é o respeito aos princípios intrínsecos.

Equilibrar essas leituras é o desafio que se opõe ao endurecimento da validação de valores. Isso tanto parece ser o mais adequado que o fato de prevalecer um ou o outro, não significa a inexistência de um ou de outro.

O que vejo é que quanto mais endurecido, as correntes energéticas geradas pelas sensações e sentimentos se acumulam de forma que, em algum momento, elas explodem em desequilíbrios mentais cuja própria razão não consegue identificar.

Enquanto que o oposto, deixando de lado a razão, torna-se marionete das impressões.

Agora explique por que a minha suspeita inicial!


Copyright©Mhauro Garcia Filho