
Um ex-aluno veio me perguntar o que eu sabia sobre o DNA da empresa. Ele chegou bem direto e com uma objetividade tamanha que deixou transparecer uma certa ansiedade. Perguntei o porquê daquela ansiedade e ele disse que ouviu de seu superior no trabalho que ele não tinha o DNA da empresa e, por isso, ele estava um tanto inquieto para saber o que significava aquilo, se era bom ou se era ruim para ele. O que me restava fazer era dizer o que significava aquela expressão tão usada por algumas pessoas, pois, afinal, que se tratava de uma analogia para demonstrar o quanto que um profissional tem das características da organização. E ele finalizou com a pergunta: e isso é bom ou ruim? Respondi que somente o tempo poderia dizer sobre isso.
Mas essa pergunta ficou na minha cabeça martelando e, como não poderia deixar em branco, cheguei a uma conclusão óbvia sobre as conseqüências de se utilizar e impor esse padrão de pensamento dentro de uma organização.
Para começar, na biologia, o DNA é freqüentemente referido como a molécula da hereditariedade, pois é responsável pela descendência genética. Sendo esse um consenso científico da biologia que se aplica, por empréstimo, às organizações, não seria verdade, também, as conseqüências dessa descendência? Ou seja, se um DNA garante a descendência da espécie (organização) com outro mesmo DNA, trata-se de uma relação incestuosa.
E nesse caso, a biologia também diz que uma espécie que se perpetua de forma incestuosa está destinada ao desaparecimento, pois ela enfraquecerá de todas as formas até que o último não mais consiga reproduzir resultando no seu desaparecimento. Por esse motivo, afirmam os cientistas, é necessário que novos DNAs sejam introduzidos nas espécies para renovar e revigorar a sua raça.
Portanto, conclui-se que essa necessidade também é fundamental dentro das organizações e que, infelizmente, algum consultor desinformado lançou essa analogia para tentar dar força aos valores organizacionais e foi bem recebido pelos gestores como uma verdade incontestável. O resultado é a tentativa de pasteurizar e robotizar os colaboradores que, se por um lado os gestores conseguirem esse enquadramento, não conquistarão o crescimento e, se não conseguirem, por outro lado, viverão eternamente frustrados, pois não encontrarão jamais as pessoas certas. No final estarão sempre frustrados.
Equívoco crasso, porque o correto seria afirmar a necessidade de consolidar a filosofia da organização respeitando os DNAs diversos. Aliás, o que consolida uma organização é a harmonia da diversidade de DNAs quando existe um rumo claro e bem definido com valores universais otimamente comunicados, ou seja, uma filosofia organizacional bem orientada. Mesmo porque, essa diversidade é que renova o sangue da organização.
Sendo assim meu querido aluno, felizmente você não tem o DNA da organização. Felizmente você tem a sua constituição intelectual, espiritual, comportamental, moral e política diferente dessa organização, pois, somente assim, você poderá, verdadeiramente, contribuir para o seu progresso pessoal assim como para o de seu entorno.
Copyright©Mhauro Garcia Filho
Excelente! Já tinha lido algo a respeito, mas tomando outro caminho na conclusão. Sua abordagem me pareceu mais sensata!
ResponderExcluirAbraço,