CURSO FORMAÇÃO DE PREÇO

5/14/2008

Ainda sobre o aborto...


Meu amigo Torquilho, suas colocações são sempre muito boas.
Contudo, sua tentativa de desqualificar a defesa (rsrsrs, você é um excelente advogado, meu caro!) com o argumento de que outros temas não devem fazer parte da discussão sobre o aborto, acaba por delimitar a questão a ponto de torná-la algo técnico.

O termo criança é a realização posterior da promessa de um feto. O que, por conseqüência, nos remete à evolução da vida ou o que é considerado para o Direito Humano, a formação de uma pessoa. O que difere o Ser humano de outros seres vivos é a inteligência flexionada a qual é formada pela formulação do pensamento como resultado dos sentimentos e emoções. Aqui eu considero que todos os seres têm sua forma de inteligência, mas no Homem, a inteligência é fruto do espírito e indutor deste.

Considere ainda que, para mim, espírito é um agrupamento de motivações e pré-disposições subordinadas aos graus da consciência a procura de realização, as quais respeitam um critério de valores morais, simbólicos e materiais formando um corpo de impulso (veja o artigo Toma o Espírito).

Eis a beleza da vida!

Mas, como não delimitei o aborto ao tempo de vida do feto, penso que a sua legalização permitirá que a ignorância momentânea de uma pessoa prevaleça sobre o direito a esse exercício magnético da experiência humana. As possibilidades serão interrompidas de qualquer forma.

Penso, nesse caso, que em se tratando de um zigoto, talvez seja difícil estabelecer uma regra para a permissão da prática do aborto. Dessa forma, estaremos dizendo quando que tem vida e quando que não tem vida, ou seja, o que é considerado apenas um projeto de vida por ser minúsculo e o que é considerado um Ser vivente. Lembro que aqui, no Brasil, aconteceu um caso muito interessante, mas inverso. Uma criança se formou e nasceu sem o cérebro. Os médicos, por experiências anteriores, deram poucos dias de vida. Qual foi a surpresa, essa criança, até a última reportagem que eu assisti, já estava com dois meses de vida. Incrível! Até hoje não soube se morreu naturalmente. Por isso, falar sobre o que é e sobre o que não é um Ser formado, é algo muito sério e requer discussões como essa.

Ademais, quando envolvo outros temas para tratar do assunto, pretendo, com isso, mostrar o quão é complexo falar de uma possibilidade de vida e uma possibilidade de morte. Os dois lados estão altamente envolvidos em conseqüências inimagináveis. Fazem relações com o que não conseguimos perceber. Só para ter idéia, as drogas não são legalizadas porque nossa imaginação abstrai as suas conseqüências. A respeito da pena de morte e do aborto, os seus desdobramentos são incompreensíveis para a nossa inteligência. Ao mesmo tempo, busco manter um fiel da balança para manter um peso e uma medida para a lógica empregada no raciocínio.

4 comentários:

  1. Oi Mhauro,
    causa-me confusão imaginar que o tal conjunto de células seja uma pessoa, a não ser que a mãe ou o casal tenham intencionado produzir tal vida. É tudo uma questão de causalidade e intencionalidade.
    Ora! Todos os meses, um óvulo desce pelas trompas de falópio e, caso não seja fecundado, vai parar sabe-se lá aonde. O único infortúnio de uma mulher é, na relação sexual, ter esse óvulo acidentalmente fecundado. Aí, neste momento, cria-se uma celeuma sem fim, com todo tipo de argumento poético sobre o porquê de dar continuidade à vida, trazendo toda sorte de infortúnio à mulher (que, ao fim e ao cabo, é quem paga por isso).
    Vejo, nisso tudo, uma questão de ordem pragmática. Senão, seria hora de proibir a masturbação, porque, afinal, estaríamos despejando um material precioso, muito útil à evolução espiritual da espécie humana, não acha?
    Com um abraço amigo e saudoso,
    Antônio.

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  2. Amigo Torquilho, realmente você quase me convence a olhar do seu ponto de vista. Contudo, como não dá para negar algo que está acima de nossa compreensão, e, por isso, acabo por me curvar à minha ignorância sobre o assunto e manter meu pé atrás.

    Quando se trata de criação, independente do nome que se queira dar a quem estabeleceu regras e meios para isso, uns chamam natureza, outros chamam Deus, outros o acaso e por ai vai, fica bem claro que a nossa vontade é limitada a condições mecânicas para a união da matéria prima.

    Além disso, não é possível negar que basta um errinho de cálculo ou de qualidade para que essa matéria prima se junte e a vida se realize. Portanto, independe da nossa vontade quando chega a esse ponto. Na verdade, a vida está constantemente se fazendo e se refazendo quer queira, quer não!

    Assim, se somente nessas matérias primas estão reunidas as condições ideais para o surgimento do Ser humano, e que elas individualmente servem para outra coisa, talvez, a saída seja ficar mais atento ao que se busca realizar. Muitas vezes pretende-se algo que pode resultar em outro. E isso pode ser bom ou pode ser ruim.

    É meu caro, sei que é difícil, mas não dá para tapar o sol com a peneira... e eu também estou na chuva para me molhar.

    Abração.

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  3. Oi Mhauro! :-)

    Olha, nem sei o que te dizer... Acho que esgotei meu pensamento sobre o assunto. Entretanto, penso que a melhor coisa é prevenir: é necessário Educação, esclarecimento, métodos contraceptivos (camisinha, DIU, etc.).

    Só que, "fogo morro acima, água morro abaixo" e instintos animais (sexo, por exemplo), às vezes, é difícil controlar. Gravidez não planejada é "acidente de trabalho".

    Por fim, acho que fizeste muito bem em não olhar as coisas sob a minha perspectiva! Afinal, quem sou eu pra te ensinar alguma coisa?! Precisamos de indivíduos autônomos e livres como tu, cada vez mais!!!

    Um grande e fraterno abraço, meu, que muito te estima,
    Antônio.

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  4. Amigo, a recíproca é verdadeira. E fico feliz em poder conversar sobre esses assuntos de uma maneira humilde, leve e inteligente.
    Abração forte.

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