Faz algum tempo que troquei a docência pela
instrutoria. Quer dizer, deixei de ser
professor com a necessidade de transmitir um conteúdo imenso num tempo
relativamente curto, para ser facilitador do conhecimento, cujo propósito é
habilitar um aprendiz a realizar determinada tarefa, comportamento,
procedimento etc.
Com a atividade de consultoria organizacional,
tive a oportunidade de me afastar do cotidiano docente e observar a metodologia
de ensino tradicional, a qual se preocupa em repassar o máximo possível de conteúdo,
em detrimento de saber se realmente o aprendiz saberia relacionar aquele
ensinamento com o seu cotidiano.
Esse entendimento se fortaleceu quando voltei
para os bancos de sala de aula para ampliar meu conhecimento, pois resolvi
fazer um curso de TI. Ali, junto com outros colegas, percebi um comportamento
resistente de alguns alunos quanto a certas disciplinas. Justamente nas
disciplinas em que a maioria das pessoas tem resistência para chegar perto como
a matemática, a física, a química.
A primeira coisa que percebi foi a alteração do
estado de espírito de alguns alunos diante do início das aulas de matemática e
lógica. O mito. E por causa dessa observação, deu para perceber, conversando
com alguns deles, que esse medo não é exatamente das disciplinas, mas é do
local emocional a que ela os remete. Ou seja, a disciplina faz com que eles
revivam experiências emocionais ruins. Imediatamente lembrei-me dos professores
que faziam comparações, riam da idiossincrasia dos alunos, diminuíam o aluno
que não compreendia algo.
Somado a esse estado de apreensão, encontrei
outra preocupação entre os alunos. A reprovação da disciplina. E isso me fez
repensar o modelo em que, por séculos, tem sido utilizado para formar os
alunos.
Nesse modelo, é possível ver o tanto de
equívoco que está contido nele. Afinal, um curso é para educar ou para
selecionar? Entendendo que existem essas duas perspectivas, percebe-se que o
selecionar está disfarçado de educar. Pois para educar, é necessário repetir,
repetir, repetir o quanto for necessário para que a mensagem seja assimilada e
compreendida para a utilização prática do cotidiano. Quando se pretende educar, o foco deve ser no
aprendizado e não a ameaça da reprovação.
Pensando nisso, e tomando como meta a
formação do aluno, não seria interessante que se enfatizasse a despreocupação
quanto ao tempo e às perdas de disciplinas, mas que ele se dedique a aquele
aprendizado, pois é o que ele pretende fazer!?! Que ele esqueça o tempo e que apenas
se dedique ao estudo! E caso não acompanhe os outros que aprenderam mais
rápido, o curso não o reprovaria em determinada competência, mas o realocaria
em nova grade de estudo. Que tal? É por
ai, vamos pensar nisso!
Mhauro Garcia
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