Caso verídico...
Certa vez, Santo Antônio foi enviado por Deus
para resgatar uma alma do purgatório. A condição era que essa alma entraria no
Céu como mentor para novos empreendedores e ela teria que ensinar as melhores
práticas e experiências de sua vida profissional. Então, cumprindo sua missão,
Santo Antônio adentrou o purgatório e começou a entrevistar os que se
candidatavam para o Céu.
Dois empreendedores se destacaram por seus
desempenhos e, como tinham sido bem sucedidos nas fases anteriores da entrevista,
Santo Antônio resolveu que seria entre esses dois. As duas almas de empreendedores estavam
vestidas com os uniformes cedidos pelos assessores de Santo Antônio. Um estava
de azul e o outro de verde. Então deu início a ultima fase do teste com um
questionário oral.
Santo
Antônio
– Queridas almas, não importa o quanto cada uma tenha realizado de prosperidade
material, o que importa nesse momento é o conteúdo que será passado para os
alunos do Céu. Então me respondam: O que um empreendedor deve saber sobre seu
negócio?
Azul - Deve saber que a finalidade de seu empreendimento é para lhe
proporcionar prosperidade, conforto e lazer. Quanto mais ele crescer, melhor,
pois será possível, gerar mais prosperidade.
Verde - Acho que ele deve entender que o seu empreendimento envolve
outras pessoas e mesmo a sociedade. Ele precisa buscar a prosperidade com
atitudes correspondentes à sua responsabilidade e às suas relações interpessoais.
Santo
Antônio
– Quando em suas atividades do cotidiano, como você se comportava com o seu
negócio?
Azul – Bom, eu ficava super concentrado nas minhas atividades,
buscava encontrar maneiras de melhorar o meu desempenho junto aos meus
colaboradores.
Verde – Eu também buscava melhorar o desempenho, mas como pensava no
resultado, estava sempre atento para novas oportunidades e informações úteis e
inteligentes.
Santo
Antônio
– Quando aparecia uma oportunidade diferente, qual a sua reação diante dela?
Azul – Normalmente eu procurava ignorar, pois não podia dar atenção
às coisas diferentes e nem aumentar minhas despesas. Precisava manter minha
concentração e minha equipe no foco.
Verde – Eu gostava de ouvir e experimentar. Principalmente se essa
coisa diferente fosse investir na economia local, pois, dessa forma, eu também
participava da circulação do dinheiro e ajudava no crescimento da economia.
Santo Antônio – Quando uma pessoa
chegava para você com uma proposta de negócio ou de parceria, o que você
avaliava? Você fez muitas parcerias?
Azul – Primeiramente eu observava como era a relação dessa parceria
vendo se era bom para mim. Mas nunca fiz parceria porque as propostas não eram
interessantes. Os parceiros que faziam as propostas se achavam melhores do que
a gente.
Verde – Eu também avaliava as propostas. Em algumas parcerias eu via
que a relação parecia desigual. Por exemplo, um parceiro fornecedor, às vezes
me fazia comprar algo que não necessitava. Mas, mesmo assim, eu ainda queria,
pois eu enxergava a vantagem para o meu empreendimento.
Santo
Antônio
– Quantas vezes você refez seus processos ou criou algo novo?
Azul – Sobre esse assunto, eu acho que devemos ter prudência, pois time
que está ganhando a gente não mexe. Sempre preferi copiar o que os outros já
fizeram com sucesso. Dessa forma, eu não corria risco de errar.
Verde – Eu errei algumas vezes que tentei implantar algo novo. Tive
algumas dificuldades no começo, mas aprendi a lidar com novas propostas. Depois
passei a controlar melhor as implementações do que era novo.
Santo
Antônio
– E como você melhorava o desempenho do seu empreendimento?
Azul – Essa é uma pergunta boa. Eu normalmente já sabia o que tinha
que fazer, pois nossa atividade era sempre a mesma. Minha preocupação era de
aprimorar nossa técnica, pois sobre o restante, eu tirava uma dúvida com algum
artigo.
Verde – Eu buscava conhecer coisas novas com especialistas. Chegamos
a contratar esses profissionais, pois embora eu pudesse ler sobre o assunto, o
conhecimento deles é mais profundo, afinal, são especialistas.
Santo
Antônio
– Como você aproveitava o conhecimento de sua equipe de trabalho?
Azul – Santo Antônio, eu não lembro de alguém ter querido contribuir
com algum conhecimento.
Verde – Eu ficava atento a qualquer manifestação, mas, mais que isso,
eu provocava para ouvir o que as pessoas tinham a dizer.
Santo
Antônio
– Como você enxergava as iniciativas empresariais e artísticas de sua
localidade?
Azul – Sempre achei que as empresas e os artistas locais deveriam
fazer um curso em outras cidades. As expressões da minha localidade eram muito
fracas. Carecia de alguma coisa que eu nunca identifiquei.
Verde – Eu sentia que faltava alguma coisa, mas sempre prestigiei as
coisas de minha localidade, de meu país. Sempre busquei fazer negócios e ser patrocinador
dessas manifestações.
Santo Antônio – Como você
enxerga alguém que tem um conhecimento a mais sobre o seu empreendimento?
Azul – Dessas pessoas, eu sempre passei longe. Afinal, são pessoas
arrogantes, prepotentes, não sabem viver na humildade. Ora, todos nós somos iguais
e a pessoa vem com a pompa de quere ensinar. Eu sempre achei que pessoas assim,
são esnobes. Quando fala, parece que está ensinando!
Verde – Vejo nessas pessoas um caminho a ser observado. Sempre que
podia, buscava ouvir todo tipo de conhecimento, sempre admirei e respeitei a
inteligência. E esse tipo de gente não está ai para agradar, mas somente para
dizer o que precisa dizer. Acho ótimo.
Santo
Antônio
– Quando um empreendimento era fundado, mas não conseguia sobreviver, o que
você via nesse contexto?
Azul – Certamente que esse empreendedor não teve a capacidade de
erguer o seu empreendimento. Se a empresa fechou é porque não fez um
planejamento ou não executou bem.
Verde – Também penso assim. Às vezes é falta de preparo e de planejamento.
Ou seja, o empreendedor não soube fazer. Mas, também, considero que o meio em
que ele vive, pode ser completamente hostil e impiedoso.
Então Santo Antônio levantou-se e disse: já
tenho o escolhido. Como vocês sabem, estamos procurando o melhor para nossos alunos
no Céu. E, pelo que pudemos ver, temos aqui dois tipos de empreendedores. Um
proativo e outro reativo, um avançado e outro conservador, um inteligente e
outro acomodado, um resolvido e outro com complexo de inferioridade, um amoroso
e outro rancoroso.
Mas, na verdade, essas características se
aplicam a todas as pessoas nas suas relações interpessoais. Portanto, não ficam
restritas ao empreendedor. Devemos lembrar que o empreendedor sai de sua
sociedade e ela só se modificará se a maioria optar pela mudança.
Portanto, anjos assessores providenciem o
traslado da alma verde para o Céu!
Então a alma azul retrucou: mas como? Eu sou
tão bom quanto ele, poderíamos ir os dois!
E Santo Antônio respondeu: Querida alma azul,
para entrar no Reino do Céu precisa estar vestido com as veste de núpcias.
Mais uma vez a alma azul ponderou: Mas eu
estou vestido com esse traje azul...
Santo Antônio paciente disse: Alma azul, você
terá que voltar para o purgatório, pois as vestes a que me refiro são vestidas
de dentro para fora com o esforço de cada um. E é impossível encobrir o que se
veste por dentro. Volte para o choro e o ranger de dentes até você vestir as
vestes de núpcias.
Mhauro Garcia
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