
Essa possibilidade reversa que pode pegar de surpresa o empreendimento, tem origem no fato de que existem leituras cristalizadas da pessoa que decide. Um tipo de cristalização, e, certamente a mais perigosa, é querer impor seu desejo pessoal à frente da necessidade lógica. Chega a ser até infantil quando isso acontece.
Isso significa que o gestor não está preparado para a responsabilidade. Mas há quem diga: “e quem está preparado? O aprendizado se dá na lida”. Concordo! Pois isso acaba confirmando a necessidade de aprimoramento constante e não de cristalização.
Indo um pouco mais longe do que poderia aparentar uma opinião pessoal, essa observação diz respeito à necessidade de conhecer o mercado, suas leis tácitas, sua lógica afirmativa. Isso para evitar decisões pautadas na lógica contraditória e leiga.
Para resumir, o gosto pessoal jamais poderá prevalecer à necessidade do mercado quando o sentido do negócio é para o desenvolvimento. No lugar do “eu acho, eu quero” deve-se agir com o “se isso é assim, deve-se fazer aquilo”. Ou seja, conclusões com o foco no crescimento e melhoramento buscando a excelência.
Veja esse fato. Assistindo um programa de entrevista, o entrevistado, que era o presidente do sindicato das padarias, dá uma resposta semelhante a essa: “...não, nós não fabricamos pães mais sofisticados. Nosso pão é o pão básico. Sei que em outros estados do Brasil, existe uma diferença nas padarias, pois elas fazem vários tipos de pães. Agora, isso acontece porque os donos de padarias não querem investir em cursos para os seus padeiros. Eles acham que não vale a pena, pois podem perder o profissional para outra padaria”. Então o repórter fez outra pergunta: “e não seria o caso de esses donos de padarias fazerem cursos para abrir a cabeça?”
Quer dizer, se o pensamento predominante, o cristalizado, é nivelar tudo por baixo, nada sairá desse patamar. O mercado está clamando por melhorias, mas o acordo tácito é a mesmice. Agora, imagine se todos fizessem cursos para os seus padeiros, não haveria a preocupação da perda, pois teria gente qualificada em todas as padarias. Perceba que, ao mesmo tempo, o salto na qualidade dos pães também cresceria.
Mas uma coisa é certa. Para esses gestores e donos desse tipo de negócio, o que não falta é disposição para o trabalho. São pessoas que não enxergam tempo ruim para trabalhar, simplesmente encaram horários e tarefas diferenciadas com muita naturalidade. O que, nesse caso, acredito, já estão em vantagem quando se compara a outro tipo de profissional.
Agora, imagine quantas situações no cotidiano das decisões organizacionais estão submetidas à lógica da contradição.
Concordo plenamente com a sua colocação. O mercado é nivelado pela capacidade do empresariado. Quanto mais baixa, medíocre é o Setor. Continuaremos comendo paezinhos com bromato de mais e sabor de menos. Um dia o pão está bom, outro dia péssimo. Isto é falta de qualidade. Não há padrão, método, constância. Não há competencia para fazer um ótimo pão. O nosso pão de cada dia.
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